28 de fevereiro é o Dia Mundial de Luta contra a LER (Lesão por Esforço Repetitivo) e DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), doenças diretamente ligadas ao trabalho. A data serve para alertar e, principalmente, incentivar as denúncias sobre as más condições de trabalho e os abusos cometidos nas empresas, como ritmo acelerado na produção.
LER/DORT são danos decorrentes da utilização excessiva do sistema que movimenta o esqueleto humano e da falta de tempo para recuperação. Caracterizam-se pela ocorrência de vários sintomas, de aparecimento quase sempre em estágio avançado, que ocorrem geralmente nos membros superiores, tais como dor, sensação de peso e fadiga. Algumas das principais, que acometem os trabalhadores, são as lesões no ombro e as inflamações em articulações e nos tecidos que cobrem os tendões.
Costumam evoluir de forma lenta para quadros crônicos e nem sempre são percebidas precocemente pelos trabalhadores, que retardam a procura por auxílio com receio de repercussões negativas na empresa. O quadro é ainda agravado por situações de discriminação e assédio moral, que causam sofrimento e transtornos mentais, com grande impacto nas vidas dos trabalhadores e de suas famílias.
Levantamentos em saúde do trabalhador revelam que são várias as causas. Entre as principais estão:
• Más condições do local de trabalho (piso, iluminação, angulações, distanciamento etc);
• Posturas inapropriadas para execução das atividades;
• Técnicas incorretas para realizar as tarefas;
• Jornadas de trabalho excessivas;
• Desrespeito aos limites corporais dos trabalhadores.
Os distúrbios osteomusculares mais comuns são as tendinites (no ombro, cotovelo e punho), as lombalgias (na região lombar) e as mialgias (dores musculares) em diversas partes do corpo.
Subnotificação é grande
A subnotificação e a carência de estudos dificultam a obtenção de números atualizados da situação. A última Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo IBGE em 2013, mostrou que, naquele ano, mais de 3,5 milhões de trabalhadores afirmavam ter diagnóstico de LER/DORT.
De acordo com o estudo “Saúde Brasil 2018”, do Ministério da Saúde, num período de 10 anos, houve um aumento de 184% no número de registros de novos casos, passando de 3.212 casos, em 2007, para 9.122, em 2016.
Dados mais recentes, do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, apontam que o país tem 94.163 casos de LER/DORT notificados entre 2007 e 2020.
O que mostra que números que sempre foram subnotificados estão ainda bem longe da realidade. E o motivo é simples: a partir de 2019, o governo Bolsonaro com sua política de ataque aos trabalhadores, deu início a uma devassa nas NRs (Normas Regulamentadoras). Sob o argumento de que o objetivo era ampliar a competitividade no país, alterou diversas normas de segurança e saúde no trabalho para reduzir exigências impostas aos empregadores, entre elas a NR17, que trata diretamente da LER/DORT.
Mudanças que, posteriormente, foram revogadas pela Justiça. Mas, causaram grande impacto, derrubando ainda mais o número de notificações.
Fique de olho e cuide de sua saúde: em caso de suspeita de irregularidade ou condição insegura no trabalho, denuncie ao Sindicato!
Basta de exploração, adoecimento e ataques.